Então, Mariana. Comigo acontece da seguinte maneira.
Eu nasci em 1970. E no final dos anos 80 me envolvi com tecnologia para nunca mais me afastar. Sendo assim, quando o mundo ainda era analógico, eu já era adulto. E por isso as redes sociais não fizeram parte de uma etapa decisiva da minha vida. Aquela em que definimos o nosso papel como seres sociais.
"Os papéis sociais envolvem expectativas sobre como uma pessoa deve se comportar em determinada situação, bem como os direitos e deveres que lhe são atribuídos."
Dessa forma, as gerações que cresceram após o advento dos algoritmos de persuasão, acabaram definindo seu papel social também nas redes.
Como a interação no mundo real é ativa (você precisa provocar essa interação marcando um encontro ou puxando um papo) e nas redes sociais essa interação é passiva (o algoritmo te mostra coisas sobre as quais você tem algo a dizer e comentar se torna quase um dever cívico), o mundo real acaba perdendo terreno para o mundo digital, alienando as pessoas nesses dois ambientes que você descreveu (das suas preferências pessoais e de consumidor em potencial).
Portanto, a minha visão sobre esse cenário recai sobre a educação. Precisamos criar um plano pedagógico onde as escolas ensinem o futuro cidadão a lidar com mais essa faceta da economia, lidar com sua própria condição de lead potencial.
Não sou presunçoso a ponto de não levar em consideração que posso estar falando com um alcóolatra que diz que pode parar quando quiser, mas ouso afirmar que posso voltar a viver em um mundo analógico caso acontecesse um cataclisma digital e o mundo retrocedesse ao tempo dos meus vinte e poucos anos.
Simm! E vira até uma desculpa pra quem está viciado na rede, como se eu, que me recuso a baixar o TikTok, estivesse perdendo um mundo incrível do qual eu posso ter total controle do que me vai ser apresentado. Doideira. Excelente texto!
outro dia ouvi (acho que foi no podcast Bom dia, Obvious) que se um adolescente homem abrisse uma conta do zero no instagram, nao demorava muito para aparecer varios conteudos misoginos mesmo sem ele ter interagido muito com nada. querendo ou nao, é esse tipo de conteudo de raiva/odio que gera mais clicks para as redes. o livro Apocalipsis cognitivo, do Gérald Bronner, explica isso. sabendo dessas coisas, sempre desconfiei dessa historia de treinar o algoritmo. o que as redes ganhariam sendo boazinhas e deixando a gente personalizar nossos perfis? mas com o tempo e a correria a gente vai esquecendo desses perigos e mergulhando no mar de estimulos algoritmicos haha agora com seu texto, lembrei de tudo isso e ainda peguei mais coisa pra pensar. obrigada pelo lembrete!
É por aí mesmo, Giuliana. Quanto mais apaixonados os discursos, mais engajamento geram. E o ódio é uma baita paixão, né? Pra manter as pessoas online e discutindo (e vendo anúncios), nada como um pouco de ódio.
Eu não quero treinar algoritmo, eu confio na qualidade da minha própria curadoria e gostaria que as redes (inclusive essa aqui) respeitassem isso — o tanto de autor que não suporto que o Notes já meteu na minha página inicial…
Gosto muito do parágrafo onde você diz "Mas você sabe, não sabe? Sabe que a rede social não é uma plataforma flutuando no espaço digital". E eu diria que ela muito menos é, também, o ar que respiramos ou a luz do sol. Ela não é vital. É só um espaço, digital (e sim, uma corporação capitalista). Mas eu quero dizer que: será que também é esse motivo todo para sempre estarmos falando sobre ela?????
Como alguém que está há 1 ano e meio fora de todas as redes sociais, e só agora - repito, só agora - sinto que voltei a recuperar meus desejos e meu livre pensamento próprios, longe dos mecanismos viciantes e de corrupção - eu me pergunto constantemente: ela é TÃO IMPORTANTE assim? Porque quanto mais gravamos podcasts e fazemos vídeos e escrevemos textos (ñ que ñ seja importante) e nos inflamos falando disso e disso e disso e disso e disso, não ajudamos a criar um organismo enormemente grandioso que também se alimenta de tudo isso da gente pra ter mais e mais poder????
Porque a real é que acho que já produzimos conhecimento suficiente sobre esse assunto. Sabemos TUDO o que as redes sociais fazem com as pessoas.
Não seria hora de FAZER algo diferente? Vamos parar de usar. Ou, vamos parar de falar sobre. Imagina, 1 mês inteiro sem ninguém nunca mais mencionar Meta e a porra de Instagram ou TikTok e começar a falar, sei lá, de qualquer outra coisa que não envolva produto ou empresa. Imagina que louco? Tipo.. imagina mesmo. Se deixasse de ser tão importante. Porque meio que.. não é.
Enfim.. isso foi um desabafo de coisas que ando pensando muito ultimamente. Não foi uma crítica. Adoro sua newsletter :)
Oi, Tais! Eu tb gostaria que fosse menos importante, sinceramente. Tem dias que não aguento mais falar disso kkk, mas a real é que quando a gente sai e vê como tá todo mundo viciado e tudo girando tão em torno disso é meio impossível ignorar. E, olha, eu acho que é uma bolha que tem essa noção que nós temos de que é prejudicial e tudo mais, sabe? A maioria das pessoas nao reflete muito e vai dando seus dados sem pensar, entrando em todas as trends, polêmicas, expondo criança e etc. A gente até pode se blindar individualmente e às vezes é necessário, mas é um problema coletivo. Por isso que eu acho que ainda tem que falar. Mas, nossa, é uma droga mesmo, eu tb queria poder deixar esses bilionários no ostracismo...rs
Adotar um cachorro e chamá-lo de Algoritmo para dizer que o estou treinando.
É um bom nome!
Então, Mariana. Comigo acontece da seguinte maneira.
Eu nasci em 1970. E no final dos anos 80 me envolvi com tecnologia para nunca mais me afastar. Sendo assim, quando o mundo ainda era analógico, eu já era adulto. E por isso as redes sociais não fizeram parte de uma etapa decisiva da minha vida. Aquela em que definimos o nosso papel como seres sociais.
"Os papéis sociais envolvem expectativas sobre como uma pessoa deve se comportar em determinada situação, bem como os direitos e deveres que lhe são atribuídos."
Dessa forma, as gerações que cresceram após o advento dos algoritmos de persuasão, acabaram definindo seu papel social também nas redes.
Como a interação no mundo real é ativa (você precisa provocar essa interação marcando um encontro ou puxando um papo) e nas redes sociais essa interação é passiva (o algoritmo te mostra coisas sobre as quais você tem algo a dizer e comentar se torna quase um dever cívico), o mundo real acaba perdendo terreno para o mundo digital, alienando as pessoas nesses dois ambientes que você descreveu (das suas preferências pessoais e de consumidor em potencial).
Portanto, a minha visão sobre esse cenário recai sobre a educação. Precisamos criar um plano pedagógico onde as escolas ensinem o futuro cidadão a lidar com mais essa faceta da economia, lidar com sua própria condição de lead potencial.
Não sou presunçoso a ponto de não levar em consideração que posso estar falando com um alcóolatra que diz que pode parar quando quiser, mas ouso afirmar que posso voltar a viver em um mundo analógico caso acontecesse um cataclisma digital e o mundo retrocedesse ao tempo dos meus vinte e poucos anos.
Concordo com vc. Essa educação midiática, pro cidadão aprender como a tecnologia impacta a sociedade, é essencial.
Obrigado por esse comentário! Como pai de uma adolescente, muito me interessa o assunto.
Hoje eu me iludo que treino o algoritmo 😅😅
Obg e parabéns pelo texto 👏🏻
Simm! E vira até uma desculpa pra quem está viciado na rede, como se eu, que me recuso a baixar o TikTok, estivesse perdendo um mundo incrível do qual eu posso ter total controle do que me vai ser apresentado. Doideira. Excelente texto!
outro dia ouvi (acho que foi no podcast Bom dia, Obvious) que se um adolescente homem abrisse uma conta do zero no instagram, nao demorava muito para aparecer varios conteudos misoginos mesmo sem ele ter interagido muito com nada. querendo ou nao, é esse tipo de conteudo de raiva/odio que gera mais clicks para as redes. o livro Apocalipsis cognitivo, do Gérald Bronner, explica isso. sabendo dessas coisas, sempre desconfiei dessa historia de treinar o algoritmo. o que as redes ganhariam sendo boazinhas e deixando a gente personalizar nossos perfis? mas com o tempo e a correria a gente vai esquecendo desses perigos e mergulhando no mar de estimulos algoritmicos haha agora com seu texto, lembrei de tudo isso e ainda peguei mais coisa pra pensar. obrigada pelo lembrete!
É por aí mesmo, Giuliana. Quanto mais apaixonados os discursos, mais engajamento geram. E o ódio é uma baita paixão, né? Pra manter as pessoas online e discutindo (e vendo anúncios), nada como um pouco de ódio.
infelizmente...
Você sempre acerta!
❤️
Estou fugindo de tudo isso. Muito obrigada pelo texto incrível!
Obrigada vc pelo comentário, Joyce!
tu vai ficar rica com isso aqui, é mto bom
Quem me dera! Kkkk obrigada ❤️
Pensando vários pensamentos depois desse texto 🙃 obrigada, Mari!
Depois que organizar os pensamentos, divide kkk
OBRIGADA!
Eu não quero treinar algoritmo, eu confio na qualidade da minha própria curadoria e gostaria que as redes (inclusive essa aqui) respeitassem isso — o tanto de autor que não suporto que o Notes já meteu na minha página inicial…
Pois é, cara. Às vezes vc nem interage com a pessoa mas tá ela lá de novo.
por isso dou block sem dó. eu não quero ver conteúdo do cidadão e nem quero que ele veja o meu. hehhehe
Geralmente eu silencio, mas andei dando uns blocks tbm. Outro dia apareceu um sujeito com comentários cínicos nos meus notes. Não somos obrigadas kkk
Gosto muito do parágrafo onde você diz "Mas você sabe, não sabe? Sabe que a rede social não é uma plataforma flutuando no espaço digital". E eu diria que ela muito menos é, também, o ar que respiramos ou a luz do sol. Ela não é vital. É só um espaço, digital (e sim, uma corporação capitalista). Mas eu quero dizer que: será que também é esse motivo todo para sempre estarmos falando sobre ela?????
Como alguém que está há 1 ano e meio fora de todas as redes sociais, e só agora - repito, só agora - sinto que voltei a recuperar meus desejos e meu livre pensamento próprios, longe dos mecanismos viciantes e de corrupção - eu me pergunto constantemente: ela é TÃO IMPORTANTE assim? Porque quanto mais gravamos podcasts e fazemos vídeos e escrevemos textos (ñ que ñ seja importante) e nos inflamos falando disso e disso e disso e disso e disso, não ajudamos a criar um organismo enormemente grandioso que também se alimenta de tudo isso da gente pra ter mais e mais poder????
Porque a real é que acho que já produzimos conhecimento suficiente sobre esse assunto. Sabemos TUDO o que as redes sociais fazem com as pessoas.
Não seria hora de FAZER algo diferente? Vamos parar de usar. Ou, vamos parar de falar sobre. Imagina, 1 mês inteiro sem ninguém nunca mais mencionar Meta e a porra de Instagram ou TikTok e começar a falar, sei lá, de qualquer outra coisa que não envolva produto ou empresa. Imagina que louco? Tipo.. imagina mesmo. Se deixasse de ser tão importante. Porque meio que.. não é.
Enfim.. isso foi um desabafo de coisas que ando pensando muito ultimamente. Não foi uma crítica. Adoro sua newsletter :)
Oi, Tais! Eu tb gostaria que fosse menos importante, sinceramente. Tem dias que não aguento mais falar disso kkk, mas a real é que quando a gente sai e vê como tá todo mundo viciado e tudo girando tão em torno disso é meio impossível ignorar. E, olha, eu acho que é uma bolha que tem essa noção que nós temos de que é prejudicial e tudo mais, sabe? A maioria das pessoas nao reflete muito e vai dando seus dados sem pensar, entrando em todas as trends, polêmicas, expondo criança e etc. A gente até pode se blindar individualmente e às vezes é necessário, mas é um problema coletivo. Por isso que eu acho que ainda tem que falar. Mas, nossa, é uma droga mesmo, eu tb queria poder deixar esses bilionários no ostracismo...rs