Como eu voltei a ler e como você precisa abrir tempo para um novo hábito
É mais fácil do que parece, eu juro
Eu sempre disse que gostava de ler. Mas, na verdade, eu não lia tanto assim. Tinha lá meus surtos de leitura quando achava um livro que me prendia muito ou quando ficava obcecada por alguma série literária (Harry Potter na adolescência, Tetralogia Napolitana na vida adulta, sabe como é). Mas hábito de leitura mesmo, de ler quase todos os dias durante um ano inteiro? Não tinha. E isso parecia uma coisa muito difícil e distante da minha rotina apertada. Ironicamente, foi quando a minha rotina chegou num ápice de correria e falta de tempo que eu finalmente consegui adquirir um hábito de leitura.
Esse texto é sobre como isso aconteceu e minha ideia é te inspirar a começar um hábito de leitura também (ou outro que você queira).
Como tudo que eu falo nessa newsletter (porque esse é o nome dela), isso é uma questão de tempo. Sim, você não vai ler mais se apenas esperar e desejar ler mais. Você não vai ler mais porque colocou isso na sua listinha de metas, como se fosse quase uma oração para si mesmo. Não, meu amigo, você vai ter que abrir um espacinho, ou melhor, um tempinho, na sua agenda para isso.
Substituir porque o tempo é finito
E isso implica que você vai ter que abrir mão de alguma coisa que você está fazendo. O tempo é escasso, a gente sabe. Então, talvez, para ter consistência, você vá ter que escolher uma atividade de lazer só para a sua semana. Foi meio isso que eu fiz.
Eu tinha mais ou menos uma horinha à noite, antes de dormir, nos dias de semana, que eu usava para ver série com o meu marido. Geralmente, a gente caía no sono antes do episódio acabar e era isso. Mas meu sono não estava lá essas coisas. Comecei a achar que tinha a ver também com a tela. E aí unimos o útil ao agradável e resolvemos trocar a série antes de dormir por um livrinho cada um.
Eu já tinha um Kindle e isso me ajudou por conta da luz própria e a praticidade, mas leio livros de papel também, claro. Saíram as séries e entraram as páginas. A última hora dos dias de semana está reservada para elas. E elas não só me distraem, divertem e geram diversas reflexões como me ajudam muito a dormir. Quando eu começo a pescar e preciso reler a frase, já sei que é hora de deixar o livro na mesinha de cabeceira e puxar o travesseiro.
Eu leio muitas páginas por dia? Geralmente, não. Eu sei quantas páginas leio? Não. Eu tenho alguma meta de páginas ou de livros por ano? Não. A minha única meta é ter esse horário reservado. E ter esse horário reservado fez toda a diferença. De repente, o que parecia uma coisa muito complicada, ficou bem simples. E, assim, já foram sete livros este ano e contando (ou não contando, porque não é sobre isso).
Mas se eu troquei as séries pelos livros, agora não vejo mais televisão? Isso foi uma coisa que me incomodou quando tomei essa decisão. Até porque não costumo ver TV em outros horários do dia e eu gosto das minhas séries. Então, o acordo que fiz comigo mesma — e com meu marido — é que a leitura vale para durante a semana. Na sexta e no sábado, a gente se dá o direito de dormir com a TV.
Claro que aí eu fiquei “atrasada” com as séries. Temporada nova de Ruptura? Ainda não vi (mas quero muito). White Lotus? Acabei só agora e fugi de spoilers na redes por semanas. Mas tudo bem, porque eu não preciso estar atualizada com tudo e não há tempo para ler e ver TV nessa velocidade na minha rotina atual. Eu escolhi a leitura, fiz dela uma prioridade e isso está dando certo.
Leia o que você quer
Se você quer incorporar um hábito, abra tempo para ele na sua agenda. E faça com que isso seja (quase) inegociável. Aí, garanto que rola! Não vai dar para abraçar o mundo, mas o que for importante para você, você vai conseguir fazer.
Outra dica boba mas importante que eu queria dar para quem quer fazer essa mudança é: leia o que você gosta! Não precisa escolher uma classicão calhamaço para ser seu primeiro livro na construção de um novo hábito de leitura e nem aquele livro que tá todo mundo lendo. Você não tem que provar nada para ninguém.
Começa com um livro pequeno, começa com um livro “bobo”, começa devagar. Pode começar com um texto de não-ficção se achar que vai ser mais fácil. Pode ser uma comédia romântica, um romance policial. Pode ser uma sequência de newsletters. Não precisa ter vergonha do que você está lendo. Na verdade, ninguém nem precisa saber o que você está lendo.
Aí depois você vai avançando para coisas mais “cabeça” (ou não também).
Lê por prazer, lê o que te interessa e só.
E falando em leituras, o que vocês me recomendam? Meu último livro terminado foi “A Vegetariana”, de Han Kang, presente da minha amiga
. Uma leitura meio perturbadora e da qual eu saí sem saber se tinha gostado. Mas quanto mais distância eu dou desse livro, mais gosto. Vai saber…Me conta o que você está lendo?
“Como colocar a cabeça no travesseiro e dormir sabendo que tudo o que eu já postei online está alimentando sistemas de IA?”, da newsletter
“Você pode estar na internet do seu jeito”, da newsletter
“No início eu não entendi A Amiga Genial”, da newsletter
“O medo de envelhecer está me deixando pobre”, de
“Aceito ganhar menos, se minha filha ganhar mais”, da newsletter
“The Pressure Years” (em inglês), de
Até semana que vem!
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Adorei esta edição da news. Estou de licença-maternidade e, como minha filha nasceu em janeiro, eu tinha traçado uma meta de ler um livro por mês, "aproveitando" o embalo da licença. Ledo engano. Kkkk. Com casa, duas bebês e marido, ainda tô no livro de janeiro. Hahaha. Estou lendo o "Biografia do abismo" e adorando. Mas várias vezes eu caio no sono não por falta de interesse na leitura, mas por exaustão mesmo (além das vezes em que opto por série também. Rs). O seu texto me fez refletir e parar de me sentir culpada por não conseguir ler como eu havia planejado. Como diz uma amiga minha, "a vida não é uma planilha de Excel" :)
Readquiri o hábito de ler por lazer há quase um ano, quando minha filha nasceu. Jamais imaginaria, mas as horas e horas de poltrona me instigaram a ler mais e me fizeram até migrar pro kindle - que eu mantinha distância, sendo um militante do bom e velho papel. Hoje, olho pra minha biblioteca, da qual me orgulho, e tenho sentimentos mistos: tão gostoso um livro físico mas tão mais prático o digital! Tenho medo de nunca mais largar o kindle kkk