A obra de arte na era da inteligência artificial
Um ensaio sobre vídeos de artes plásticas no TikTok
Lá por 2022, eu fiquei fascinada por alguns vídeos de artes plásticas que começaram a aparecer para mim no TikTok. O artista que mais me chamou a atenção foi o britânico Kazland e sua arte abstrata sendo construída displicentemente — mas no ritmo de um folk gostoso —, bem em frente aos meus olhos. Mais! Os takes com o celular acompanhando o pincel me davam a impressão de ser eu a pintar aquele quadro, mesmo que a mão aparecendo ali não fosse a minha. Parecia um jeito bem diferente de apreciar uma obra de arte. E aí é claro que eu pensei: tenho que estudar esse negócio.
O movimento começou quando os vídeos passaram a ser imperativos na internet. O TikTok surgiu, o Instagram anunciou que começaria a ser uma rede mais de vídeos do que de fotos, sabe como é. Se eu fosse um artista plástico querendo vender minhas pinturas, teria ficado possesso. E eles provavelmente ficaram. E depois de respirar um pouquinho, resolveram se adaptar. E uma forma de se adaptar à obrigação de mostrar arte em vídeo é trazer o processo artístico para o centro, ao invés de só apresentar a obra pronta, como nas fotos.
Agora, olha que interessante que isso esteja também acontecendo no momento em que as inteligências artificiais generativas produzem imagens em segundos baseadas em prompts e numa base de dados potencialmente infinita de referências. Que curioso que o que há de mais humano, o processo, passe a ser o que é mostrado, o que é valorizado.
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